O Brasil poderá se tornar, até 2035, o sexto maior produtor de
petróleo do mundo – atrás apenas da Arábia Saudita, Estados Unidos,
Rússia, Canadá e Iraque. Mas para isso terá de ser eficiente na
exploração dos campos do pré-sal e investir em média US$ 90 bilhões por
ano. É o que diz o Panorama Energético Global, da Agência Internacional
de Energia (AIE), divulgado anteontem. “O ponto para o Brasil será
encontrar o equilíbrio entre o controle nacional e a necessidade de
desenvolver tecnologia, ter dinheiro e atrair investimento estrangeiro”,
disse a Fernando Nakagawa, do Broadcast, da Agência Estado, a diretora
executiva da AIE, Maria van der Hoeven.
Está em curso uma mudança radical no mercado internacional de
energia, em razão da exploração do gás de folhelho (ou gás de xisto) nos
Estados Unidos. Mas a AIE, financiada pelos países da Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), acredita que a exploração
das novas fontes não ameaçará o papel da Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (Opep). O que se explica pelo baixo custo de
exploração no Oriente Médio.
Segundo a diretora da AIE, no pré-sal mais empresas “farão ofertas
para as próximas licenças”. Para o portfólio das companhias globais de
petróleo, adicionar reservas é essencial. “Esse quadro é consistente com
nossas expectativas e o Campo de Libra vai contribuir para o aumento da
produção de petróleo esperada para o Brasil.” Em 2035, o País deverá
produzir 6 milhões de barris/dia (três vezes mais do que hoje) ou, no
cenário mais otimista, 6,8 milhões de barris/dia.
A AIE tem críticas a aspectos da política brasileira para o pré-sal.
Por exemplo, ao impor regras para a exploração e para atingir o conteúdo
local (dos equipamentos necessários à extração do óleo), o País
“adicionou tensão” à cadeia produtiva. E, em consequência, “vai levar um
tempo para alcançar todas as necessidades da cadeia de produção”.
O alerta da AIE deve ser tido em consideração, pois a agência tem uma
visão otimista do Brasil: entende que é possível superar a transição
“do modelo de controle estatal para uma situação com mais elementos de
mercado”. O governo não deve fazer ouvidos moucos para as advertências.
Melhor agir com pragmatismo, buscando o capital estrangeiro.
“Há uma razão muito atrativa para que o País encontre uma solução: o
dinheiro.” O petróleo vai beneficiar todo o País, disse Van der Hoeven.
FONTE: O Estado de S. Paulo
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